domingo, 30 de setembro de 2012

Ele não viu o tempo passar. Sentado em sua poltrona preferida, nada percebia, a não ser aquilo que havia machucado profundamente seu coração. Havia tanto ódio naquele olhar. Tanta mágoa. Por que nunca percebera? Porque deixou que esse sentimento nefasto crescesse a tão ponto?
Sentiu-se um verme. Não conseguiu proteger a pessoa que mais amava. E agora, nem lamentar-se poderia, porque a culpa pesava em seus ombros, perturbava sua consciência e não permitia que sentisse qualquer coisa que não fosse o arrependimento. 
Pena. Sentiu-se um coitadinho. Por que ninguém o entendia? É tão difícil viver, tão difícil agir certo; escolheu. Maldita liberdade! Agora, em quem posso jogar essa culpa? Pensou desesperado. O que faço aqui? De que adianta viver?
Abraços. Nossa como sentia falta disso! Quantas vezes rejeitou esse gesto sincero daqueles que o amavam. Parecia algo tão sem importância, tão pequeno... Ansiava ser grande, poderoso... Ficou sozinho, porque o poder não aceita ser compartilhado.
Incrível! Os mesmos olhos que me acusam, também me oferecem consolo. Ainda se encontram magoados, desiludidos, mas são sinceros nesse oferecimento. Ainda há tempo pra recomeçar? Tempo pra fechar as feridas que eu mesmo fiz?
Ah o amor! Sentimento sublime que sobrevive em meio a ruínas. Obrigado, meu Deus, por me ter feito humano o suficiente pra precisar desse sentimento tão abnegado e precioso, que faz do antigo verdugo o reparador dos males que ajudou a fazer.

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